Ontem, ao me olhar no espelho, me deparei com dois fios bem aparentes, que me fizeram sentir realmente medo de envelhecer. Mas não é aquele medo de ficar velha. Soou confuso, eu sei.
Fico preocupada em não aproveitar a vida como posso e como devo. De ver o tempo passar e não ter conseguido realizar coisas.
Ok, não vou ser hipócrita, tenho medo do cabelo branco, das rugas. Acho que a velhice vem com uma carga muito grande de experiências vividas que são válidas para as futuras gerações. E essa carga fica estampada no rosto, nas mãos. É visível.
Vou confessar que não tenho este medo só por mim. Ah, chega de falar em medo! É uma angustia. Algo inexplicável. Ou talvez eu que tenha medo de assumir para mim - e para vocês - a verdadeira explicação.
Quando meu avô Carlos Massa era vivo, eu adorava ficar com ele. Quando criança era por conta dos chocolates e balas que ele fazia questão de comprar, principalmente pras princesas dele (eu e a minha prima mais velha, Flávia). No seu último Natal conosco, em 2002, na minha cidade natal Muzambinho, pude passar - sem brincadeira - umas duas horas conversando com ele. Aquela pele enrugada, aqueles olhos azuis, aquele cabelo branquinho na pele morena, aquele ar cansado e a felicidade de me contar toda a vida dele.
Ficamos só nós dois conversando. E foi lindo. A minha maior recordação dele.
Sinto não ter gravado toda aquela história de luta. Seria motivador para minha vida hoje. Quem sabe não daria um livro? Passou. Mas o importante é que eu vivi aquele momento.