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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Não diga "logo vem outro" para uma mãe que sofreu aborto


Quando uma mãe perde um filho por aborto espontâneo, as reações são as mais diversas. Algumas pessoas se mostram disponíveis para conversar, tem aquelas que respeitam seu tempo, mas mostram que estão sempre ali para quando você precisar. Outras se afastam completamente e nem quer saber como você está, muito menos oferecer um ombro amigo.

Fato é que ninguém suporta ver a dor do outro.

E muitas vezes as pessoas não sabem o que dizer! Ao invés de apenas te abraçar, começam a entrar em clichês chatos que não se deve falar a quem acabou de perder um filho.

Recentemente fui à um grupo de luto, de mães que perderam seus bebês, fosse por aborto ou não, e ouvi histórias bem tristes. Mas uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a introdução da psicóloga, que disse que no núcleo familiar o único luto que não tem nome é o de um filho. O casal fica viúvo, o filho, órfão. Mas e a mãe? Talvez porque fuja do ciclo da vida, mas ainda assim é uma realidade que precisa ser vista com mais amor.

É difícil lidar com uma mãe em luto? Bastante! Nunca sabe o que dizer? Eu entendo! Mas aí é que está! Você não precisa dizer nada se não quiser!

Ou você pode falar que o tempo vai amenizar a dor, ou que a mulher vai entendendo a força que ela tem para superar os obstáculos e as dificuldades. Mas nunca, repito, NUNCA, diga que logo ela vai engravidar novamente! 

Um filho substitui outro? Não!
Uma gravidez apaga a outra? Não!


Se você tem dois ou mais filhos, você é capaz de escolher um para amar mais? Acho difícil!

Aliás, na minha opinião você não precisa dizer nada além de mostrar que você, amigo(a), está ali para quando ela precisar!

O que acontece é que meus planos nesta segunda gestação foi para aquele bebê! Nomes, cores, quarto, roupas... tudo pensado para aquele serzinho! Aquele momento era nosso, meu e dele. Eu poderia ter outros tantos filhos, nada vai tirar a dor e a saudade daquele que perdi. Porque ele é único!

No meu caso, eu me permiti isolar. Mas a cada mensagem carinhosa de alguém querido dizendo que estava ali para quando eu precisar era muito importante! Não precisava ficar dando atenção 24 horas, mas eu sabia que ali tinha alguém que estava pensando e torcendo por mim, e isso foi valioso.

Então, cuidado! Antes de dizer qualquer coisa para uma mãe em luto, reflita. As vezes, um abraço é o que ela mais precisa. Ou uma mensagem dizendo que você está ali para o que ela precisar. Ou simplesmente respeitando o tempo dela.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

15 Dicas para quem passa pelo luto do aborto espontâneo


Sofrer um aborto espontâneo é dolorido. Não é só dor física, a emocional é muito maior, muito mais forte e muito mais demorada a passar.

Se você passa ou conhece alguém que está sofrendo por isso, veja como pode (ou não) ajudar:

1- O aborto é a perda de um filho. Então é preciso entender que passar por este luto é natural e cada pessoa tem seu tempo certo para vivê-lo

2- Não diga que a pessoa não deve chorar ou ficar triste! É um motivo muito forte para essas duas atitudes. Ofereça seu colo, dê um abraço. E se você que passa por isso quer chorar, chore! Não importa o que vão pensar, você precisa se colocar em primeiro lugar e o choro é uma forma grandiosa de tirar aquele peso das suas costas

3- Muitas mulheres precisam de um tempo sozinhas, sem querer (ou conseguir) falar sobre esse ou qualquer outro assunto ou sequer ver outras pessoas. Entenda, é um momento dela e se ela se afastar é natural

4- Mande mensagens, mesmo que a mulher não queira aproximação, saber que tem alguém ali dando força é mesmo muito importante

5- Não cobre nada dessa mulher. O psicológico dela muitas vezes a tira do ar e ela talvez não consiga processar muitas coisas

6- Evite falar de bebês perto dela por um tempo. É muito difícil ela não associar a sua perda, seja compreensível! Isso não quer dizer que ela está triste por você, apenas ainda sente sua própria tristeza

7- Converse com outras mães que passaram por isso. Vai te fortalecer e te fazer entender que não adianta procurar os porquês, mas que os ensinamentos são muitos e você não está sozinha nessa

8- Absorva o que esse serzinho, mesmo em tão pouco tempo, veio te mostrar. Ele não apareceu na sua vida sem um motivo e, lá no fundo, você vai conseguir entender qual foi a missão dele na Terra

9- Se apegue a sua religião, caso você tenha. Isso te dará caminhos e forças pra se levantar diariamente durante o luto e depois dele também

10- Se você tem outros filhos, olhe para eles como um grande motivo para sorrir. Eles precisam de você, mas você vai perceber que é você quem mais precisa deles

11- Não se culpe. E não culpe ninguém. Não vai resolver o problema e só vai te fazer mais triste

12- Se você ainda não consegue encontrar as pessoas, não se cobre! Mas uma hora vai ser preciso enfrentar isso. 

13- Se você tem alguma conhecida passando por este momento delicado, evite falar coisas do tipo "logo vem outro", "não era pra ser agora", "já já você tenta de novo". Filhos não são substituíveis e aquela perda não vai ser superada por outra gravidez, por mais alegrias que outros filhos darão

14- Não dá para precisar quanto tempo cada mulher precisa. Mas cada um conhece o suficiente essa mulher pra saber se o luto está se agravando. Vale conversar com algum médico ou psicólogo para ter ideia se ela está precisando de ajuda, mas sem cobrar nada dela

15- Se seu aborto foi retido como o meu, decida se esperar sair naturalmente ou fazer a curetagem é o melhor pra você! Quem tem esse poder de escolha é você, claro que com a orientação médica sempre!

Sinta o melhor momento pra você. Encontre o SEU tempo para cada coisa. E respeite o tempo dessa mulher. É só ela quem sabe dimensionar sua dor

Essas foram minhas dicas, com base no que eu passei e no que senti durante alguns dias. Ainda tenho uma longa luta pela frente, mas só de conseguir me levantar, sair de casa e voltar aos poucos ao trabalho já me mostra que eu tenho forças para ir além! Acredite no seu potencial.

Não carregamos uma cruz maior do que somos capazes de segurar. Tudo o que nos acontece são provações de que podemos vencer os obstáculos, por mais doloridos que eles sejam.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Pra dizer adeus...


Ah... a arte do desapego! É difícil demais se desligar de algo que foi tão importante para você, mesmo que não seja mais.

Acredito que vivemos lutos por diversos motivos. O luto de perder uma pessoa querida, o luto pelo afastamento de alguém e aquele luto da perda material. 

Quando criança, sempre tive uma dificuldade imensa de me desapegar de objetos, bilhetes, roupas, coisinhas que eram muito importantes pra mim. Sentimentalmente, muito mais do que pelo valor monetário. Depois de um certo tempo fui ficando intolerante com esse tipo de 'acúmulo' e fui me livrando cada vez mais das inúmeras coisas que acabavam lotando armários e gavetas.

Esta semana passei por algo mais forte. Tive que me despedir de um apartamento. Nunca pensei que seria tão difícil dar tchau, olhar pela última vez, um canto que foi meu por tanto tempo. Vinte e cinco anos! Sempre que me mudava (por estudo ou casamento), eu tinha a segurança de ter aquele ninho pronto pra mim no meu retorno, nas minhas visitas. Ainda era muito de mim que morava ali.

Fiquei dias refletindo sobre isso, mas fiquei pensando muito sobre o que eu quero passar desses valores para minha filha. Não quero que ela coloque o emocional acima do racional o tempo todo, mas não posso exigir que só seja racional (que machucaria menos, talvez?). Quero mostrar que mudanças são necessárias e importantes para o nosso aprendizado.

As inúmeras histórias que tenho para contar desse lugar ficarão na minha memória, nos bate papos com antigos vizinhos e amigos de infância. Passamos por momentos maravilhosos, outros muito mais difíceis. O coração aperta ao relembrar de algumas várias situações. Aquele lugar, aquelas pessoas, todos me viram crescer, de menina a mulher, me tornar mãe. (Eu quase pari naquele apartamento)

Mas é hora de partir, de deixar novas pessoas contarem um enredo diferente com aquele cenário tão especial. "Que quem more aqui tenha uma história tão legal como a que eu tive", foi meu pensamento ao me despedir. 



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