quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Now I'm breathing like I'm running Cause you're taking me there

Me lembrei de uma passagem interessante hoje!

Meu pai fumou a vida toda. Quando, aos meus oito anos, nos mudamos para o prédio no qual vivi grande parte da minha vida, lembro-me que ele apenas fumava na varanda ou na área de serviço. No carro ele também costumava fumar. E nos prédios comerciais, a partir de uma determinada época, só era possível no chamado 'fumódromo'.

Sempre pedia para ele parar de fumar, que aquilo mataria ele. Fazia um drama em coro com a minha mãe.

(adendo) Meu pai sempre me acolheu nos meus medos noturnos. Ele me ouvia descrever os porquês dos meus choros, que não me deixavam dormir. Isso acontecia com frequência e eu já era pré-adolescente, ou seja, nenhuma criança. Talvez ele fosse o único que imaginava que meu sexto sentido era muito intenso. Ou então ele estava cansado demais para tentar arrumar uma outra solução e me deixava dormir no quarto dele mesmo. (fecha)

Lembro-me que alguns dias depois daquele fatídico 11 de setembro de 2001, eu estava chorando muito deitada na minha cama e ele parou para me questionar. Eu já não era nenhuma criança, nem pré-adolescente, para ter medos noturnos. Pedi pra conversar com ele uma coisa muito séria. 

"Pai, sabe esses terroristas que acabaram com as próprias vidas? Eles também destruíram centenas de outras vidas. É isso que eu sinto que você está fazendo com nossa família! Você está se matando aos poucos. E aos poucos também, isso nos afeta. É a última vez que eu peço para você parar de fumar."


Talvez tenha sido a última vez mesmo. E confesso que foi uma comparação grotesca. Mas no auge dos meus 19 anos, eu não conseguia ver mais formas de tentar abrir os olhos dele.

Não adiantou. Ele não parou de fumar. Confesso que gradativamente ele foi diminuindo, mas não parou de vez.

Em 2006 minha madrinha, que estava na tentativa de largar de vez o vício, foi num médico. Ela parou de fumar. Tarde, pois o estrago talvez já tivesse deixado rastros. Hoje ficou a saudade eterna.

Mas logo no final desse mesmo ano meu pai também tentou. Incentivado e, talvez, influenciado por ela, o mesmo médico fez com que meu pai não fumasse NUNCA MAIS. 

Mais que enaltecer o médico, deixo registrado aqui que é tudo uma questão de força de vontade. Meu pai quis e ele parou. Ele pode não saber, mas me deu o segundo MAIOR presente do mundo (depois da minha vida). Ele se deixou viver. 




Um comentário:

  1. Lí, meu pai também fumava... Parou quando eu tinha três anos e passei por uma temporada com crises de bronquite... Ele sonhou que eu morria por culpa dele (da fumaça do cigarro)... Acordou no dia seguinte e nunca mais fumou. Força de vontade e incentivo dos familiares é a melhor saída.
    Adorei o texto... Bjos

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