segunda-feira, 23 de maio de 2016

Como criar um filho bilíngue, por Soely, Rosely e Valéria

Hoje o Blog Lei da Gravidez traz as histórias de três mamães brasileiras que casaram com estrangeiros e, com o nascimento dos filhos, tiveram que lidar com a diferença das línguas e com as melhores formas de ensinar os pequenos.

Soely, Rosely e Valéria tiraram de letra! Com paciência e dando tempo aos pequenos elas mostram que é possível ensinar línguas e culturas diferentes, mesmo quando eles ainda estão aprendendo a falar!

Como criar um filho bilíngue?
Por Soely, Rosely e Valéria 

Meu nome é Soely Rios, sou brasileira casada com peruano e temos um filho de 2 anos e 4 meses e vou contar um pouco da nossa experiência de como criar um filho bilíngue.

Sempre gostei de viajar e conhecer culturas diferentes. Fiz viagens internacionais para alguns países da Europa e América do Sul. E foi em uma dessas viagens que conheci meu esposo.Foi no trem que vai de Cuzco para Machu Pichu, no Peru. Como eu falava espanhol, conseguimos nos comunicar bem. Namoramos, casamos e depois de alguns anos nasceu, aqui no Brasil, o Dimitri, nosso mesticinho. 


Realmente o destino nos surpreendeu e como dizia Clarice Lispector: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.

No tocante ao aprendizado dos idiomas, meu esposo fala exclusivamente em espanhol e eu falo em português com o Dimitri. Apesar de eu falar também em espanhol, procuro conversar somente em português para que ele tenha a mesma fluência do espanhol nativo do pai. Além disso, o pai lê livros e mostra desenhos em espanhol. Como vivemos no Brasil, ele convive mais com pessoas que falam a língua portuguesa. Ele já vai para a escola , porém não é bilíngue.

Algumas pessoas acham que ele fará confusão ao aprender duas línguas. No entanto, percebemos que ele sabe distingui-las bem, até mesmo os sons. Por exemplo, a palavra “vaca” é igual em português e espanhol, mas ele sabe pronunciá-las nos dois idiomas. 


Na próxima viagem ao Peru queremos que nosso filho tenha a oportunidade e praticar o espanhol com os avós paternos e primos, além de ter maior contato com a cultura peruana.

Futuramente com o início da sua alfabetização, acreditamos que ele possa aprender o espanhol em casa conosco e com o auxílio de uma boa gramática, livros, músicas e jogos. Queremos que o Dimitri aprenda essa língua no seu ritmo para que possa interagir de forma natural e espontânea e criar fortes laços afetivos com os familiares.

 

Dimitri será alfabetizado em português e espanhol


Eu me chamo Valéria Virginia, sou brasileira e casada com um italiano, temos uma filha de 7 anos a Giulia que é "trilíngue": fala português, italiano e francês. Morávamos no Rio até 2014, quando fomos transferidos para Paris.

Nossa história não é nos moldes tradicionais, porque somos indisciplinados. Meu marido quando chegou ao Brasil precisava aprender português rápido e entre nós falamos sempre em português, mesmo eu sendo fluente em italiano. Todos acham que aprendi com ele, mas eu já adorava o idioma e tinha estudado muito antes. 


Quando nossa filha nasceu, li muita coisa falando de que cada pai deveria falar no seu próprio idioma, só que pra gente não funcionou. Meu marido simplesmente não conseguiu colocar como rotina.

Sofremos muitas cobranças por parte de família e amigos, mas eu sempre confiei na capacidade dela, sabia que o italiano tinha um poder afetivo muito grande e que ela desenvolveria a língua no seu próprio tempo. Nós dois falamos português, italiano, inglês e francês (cada um no seu nível de aprendizado) e me parecia impossível que ela não aprendesse.

Durante seis anos o italiano era a língua que ela ouvia nas férias, com a família do meu marido ou com nossos amigos. Chegamos a sair algumas vezes, deixando ela com minha sogra que só fala italiano. E ela ficou tranquila, pediu água, pão e para ir ao banheiro. Até então, eu percebia que ela entendia, mas sempre respondia em português.

Com a nossa mudança em 2014, chegamos exatamente no início do ano letivo europeu. E ela com 6 anos começou a alfabetização na escola italiana de Paris. Conversei com a professora e expliquei que ela não falava italiano, mas compreendia. Depois de 15 dias a professora me chamou para me perguntar porque eu dizia que ela não falava? A menina falava sim! Ou seja, minha intuição estava certa, ela sabia, e só precisávamos de um gatilho. Com as outras crianças ela venceu a timidez e começou a falar. 


Hoje está no segundo ano primário. Fala e escreve em italiano e português. Na escola ela faz três horas semanais de francês e ano passado passou por um curso de apoio, se expressa bem em está começando a escrever.

Na última avaliação escolar, o professor atual me disse que ela tem um vocabulário italiano superior às crianças dessa faixa etária. Como ela gosta muito de ler, evoluiu muito rápido. Eu optei por continuar o estudo do português em casa, com um livro da mesma série que ela faz aqui. Como não sabemos quando voltaremos ao Brasil, preferi prepará-la para não ter dificuldades caso precise mudar de escola.

Essa é a experiência do aprendizado de idiomas da minha família, nossa maneira de prepará-la para que no futuro ela possa escolher onde prefere estudar. Mas, sobretudo, é nossa maneira de manter os laços afetivos, de modo que ela possa se relacionar com toda família, sem precisar de nossa intervenção.

Tudo de forma lúdica e com muito amor!


 Giulia mora em Paris e fala português, italiano e francês



Meu nome é Rosely Sardinha e me casei com um francês. Juntos temos uma filha, a Louise. Confesso que nunca me imaginei casada com um estrangeiro. Sempre tive dificuldade para aprender idiomas, de um modo geral, então essa possibilidade não estava dentro da minha expectativa e realidade. 

Mas, como a vida não é como a gente imagina e sempre nos surpreende, em 2009 conheci um francês que mudou essa minha certeza. Ele falava o português de Portugal e eu fui buscar o aprendizado da língua francesa. Hoje formamos uma família linda e moramos no Rio de Janeiro. 

Só que junto com a nossa felicidade, tivemos que definir questões práticas do nosso cotidiano para educar a nossa filha dentro de duas culturas e línguas diferentes. Não tenho preocupações quanto ao seu aprendizado, pois sei da capacidade das crianças em se adaptarem e adquirirem conhecimento diversos quando expostas a eles. 

A preocupação era com o nosso comportamento frente a ela em meio a tudo isso. Moramos no Brasil e logicamente o português é a sua língua natural. Ela ouve na rua, usa na creche e com as pessoas que convive aqui. 

Mas estar imersa nessa cultura não significa que a sua outra língua também não possa soar natural, considerando a sua convivência também com bisavós, avós, tios, primos e amigos de língua francesa, seja quando eles estão no Brasil, seja quando estamos na França. 

Em casa eu e o pai dela falamos em português. Com ela, o pai fala exclusivamente a língua francesa e eu exclusivamente a língua portuguesa. Ainda que eu fale francês e o pai português, entendemos que a fluência da língua materna traz segurança e melhor aprendizado pra ela. Então, o pai vai fazendo leitura dos livros em francês, cantando as músicas infantis e apresentando as brincadeiras orais e tradicionais de seu país e eu vou fazendo o mesmo com a língua portuguesa.

Entendemos, nesse momento, que essa é a forma correta de garantir e favorecer o seu bilinguismo. Ela está hoje com 1 ano e 6 meses. No futuro próximo, iremos definir o seu processo de alfabetização, tanto leitura quanto escrita), mas provavelmente será nas duas línguas.



 A pequena Louise tem mãe brasileira e pai francês

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